Destaque do Selo da ACA de Qualidade e Sustentabilidade: Mim Cashew

O programa do Selo da ACA foi lançado em 2012 com a intenção de melhorar e padronizar a qualidade, a segurança e os componentes sociais do processamento de cajus na África. Até o momento seis unidades de processamento de caju africano conseguiram obter a certificação do Selo da ACA  e várias outras estão atualmente implantando medidas que as habilitarão a se tornarem aprovadas sob o Selo durante o próximo ano ou daqui a dois anos, no máximo. Em outubro de 2014 nós conversamos com o Diretor Executivo da Mim Cashew, o Sr. Joseph Yeung, a fim de avaliar de que maneira o Selo da ACA causou impacto sobre as operações em sua fábrica.


A Mim Cashew foi fundada em 2008 com uma capacidade instalada de aproximadamente 200 a 300 toneladas métricas (TM) por ano – uma quantidade modesta, mas respeitável para uma companhia que passava da área de criação de aves para se transformar em uma unidade de processamento de cajus de alto nível. Desde a sua fundação até 2013, a cada ano a capacidade da fábrica cresceu em 300 TM adicionais; este ano, no entanto, a gerência da fábrica decidiu se concentrar na melhoria da eficiência.

Antes de 2013, a Mim passou por dificuldades para encontrar mão-de-obra devido às tarefas árduas associadas ao modelo de processamento com pagamento de acordo com a produção (no qual os trabalhadores são pagos de acordo com a quantidade de cajus processada). Com isso se gasta bastante tempo adicional e mão-de-obra para determinar a quantidade precisa de amêndoas de caju processadas por cada pessoa. Desse modo, o Sr. Yeung implantou um novo sistema no qual os salários são determinados pela quantidade de turnos trabalhados por cada empregado. Isto possibilitou uma grande economia de tempo, permitindo que muito mais trabalhadores pudessem colocar o seu foco sobre o processamento de cajus ao invés de ficarem gastando as suas energias para determinar as quantidades e os pesos exatos processados por cada pessoa.

Além disso, este ano o dia de trabalho foi levemente reduzido, terminando por volta das 3 horas da tarde, ao invés de terminar às 5 ou 6 horas da tarde. A decisão serviu de ferramenta de motivação para os empregados, em sua maioria do sexo feminino: isto ajuda a impedir a exaustão e lhes dá bastante tempo para voltarem para as suas casas para preparar refeições e passar tempo com os seus filhos, o que, portanto, aumenta significativamente a motivação dos funcionários.

As receitas geradas a partir deste aumento na produtividade permitiram que o Sr. Yeung contratasse mais empregados, os quais, por sua vez, contribuíram para a obtenção de uma produção maior, criando com isso um ciclo de maior produção reforçado por uma base mais ampla de mão-de-obra. Desta forma, enquanto que cerca de 1,3 mil TM foram processadas em 2012, em 2013 a empresa viu sua produção saltar para 3,5 mil TM. Esta tendência continuará em 2014, com um volume esperado de 4,5 mil TM. A maior parte dos empregados da Mim são mulheres (cerca de 85%), a maioria delas trabalha nos estágios de descascamento e de despeliculagem dentro do processamento de cajus. Como os trabalhadores vêm da comunidade circundante, a economia local recebeu um adicional de USD 90 mil através dos salários dos trabalhadores desde 2008.

Com uma fundação sólida dessas e com a vontade de adotar novas práticas e políticas com o objetivo de avançar, a Mim sempre foi uma candidata promissora para participar do programa do Selo da ACA; e agora ela continua a ser um exemplo convincente da grande utilidade do programa. Está claro que a fábrica foi construída com base em certos princípios: como o Sr. Yeung coloca com suas próprias palavras, "nós estabelecemos um padrão bastante alto para nós mesmos". Por ter trabalhado previamente com organizações como a TechnoServe e a Iniciativa Africana do Caju, a Mim já tinha um conceito geral dos pilares que caracterizam o Selo da ACA. Durante a fase inicial de implantação do programa do Selo, em 2012, a companhia enfrentou apenas poucos obstáculos e rapidamente se qualificou para obter o Selo. Em outubro de 2014 a Mim foi aprovada pelo terceiro ano consecutivo.

"A produção diária é constantemente verificada e testada", diz o Sr. Yeung, explicando como a fábrica mantém os padrões exigidos pelo Selo.


Embora a capacidade de processamento, a eficiência, a segurança e a qualidade do produto tenham crescido de forma dramática desde 2008, recentemente a fábrica foi colocada frente a um grande obstáculo para a continuação desta tendência: no começo da última temporada de colheita de cajus, a Costa do Marfim anunciou uma proibição do trânsito de castanhas de caju in natura (CCN) entre as fronteiras terrestres, o que fez com que a maior parte das CCN fossem transportadas através do Porto de Abidjã e exportadas para países com grande quantidade de processamento, tais como a Índia e o Vietnã. Antes disso, a Mim obtinha uma grande quantidade de suas CCN da Costa do Marfim; de fato, antes da proibição, a fábrica tinha planejado importar 2 mil TM de CCN de seu vizinho a oeste. Além disso, ainda há a falta de medidas de proteção do Gana para reter a sua própria produção de CCN para o processamento doméstico, a Mim e outras plantas de processamento de cajus agora enfrentam grande escassez de material in natura.

Contudo, para a Mim os efeitos da proibição de exportação da Costa do Marfim não têm sido tão prejudiciais quanto para os outros processadores ganenses de médio porte, devido a seu status de fábrica com certificação do Selo. Ela recebeu reconhecimento dos compradores internacionais, particularmente nos Estados Unidos, por sua de alta qualidade e admiráveis padrões nas condições laborais. O fato de o Selo de aprovação da ACA estar estampado em cada caixa exportada aumenta a sua atratividade para os compradores internacionais, os quais cada vez mais escolhem produtos que sejam compatíveis com os padrões internacionais de qualidade e de sustentabilidade. Aliás, quando a gerência da empresa participar da Convenção Mundial do Caju em Dubai, no início do próximo ano, a Mim espera expandir a sua rede de compradores no Oriente Médio, usando o Selo da ACA como parte de sua plataforma de marketing. Dessa forma, embora o bloqueio marfinense da exportação de castanhas in natura certamente esteja bem aquém do ideal, a exposição internacional e a lealdade dos compradores, ganha em grande medida através da certificação do Selo, são os fatores que têm assegurado que o futuro da Mim continue a ser brilhante.