Destaque dos Países: O Quênia se Destaca por sua Excelente Capacidade de Processamento

Apesar da queda na produção de cajus em 2014 em toda a África Oriental, causada pela pouca queda de chuvas, o setor queniano do caju continua a dar muitos passos largos; a queda violenta do setor que perdurou por uma década durante os anos de 2000 é, agora, somente um pouco mais do que uma memória distante. Os últimos cinco anos viram uma tendência consistente de expansão do processamento de cajus, aumento da competitividade global e o alívio da pobreza através da criação de empregos e da geração de renda nas comunidades rurais.

A nova era na produção de cajus no Quênia começou em 2009, com uma proibição governamental de exportação de castanhas in natura do Quênia. Esta medida assegurou que toda a produção, ou ao menos a maior parte dos cajus quenianos, agora seja processada dentro do país. Em 2010 ocorreu o começo do engajamento do setor com a Aliança Africana do Caju e a fundação da Associação dos Processadores de Castanhas do Quênia (NutPAK), uma grande plataforma do setor e voz para os processadores de castanhas, além de uma conexão entre as agências doadoras, os ministérios do governo, as organizações de desenvolvimento da cadeia de valor, as organizações de pesquisa, as agências de desenvolvimento de mercado, as ONGs e com outros atores relacionados às cadeias de valor da castanha tanto no Quênia quanto no exterior. A NutPAK contribuiu enormemente com a recente renovação do setor de caju no Quênia através de sua parceria muito próxima com a ACA. 

Tradicionalmente o Quênia enfrenta muitas dificuldades, as quais restringem o potencial de seu setor do caju. Pelo lado da produção, os agricultores têm de lidar com preocupações biológicas, tais como doenças nas árvores, pestes prejudiciais e a aglomeração demasiada das árvores cultivadas. Também há dificuldades socioeconômicas: a maior parte dos produtores de caju tipicamente enfrenta problemas ao comprar insumos ou para ter acesso ao crédito por causa das taxas de juros proibitivamente altas e das exigências de garantias. Além disso, a falta de organizações de produtores e de grupos e a fraca conexão entre pesquisadores, pessoal de extensão e produtores rurais limita as oportunidades para a transferência de tecnologia e de conhecimento.

A verdadeira força do setor do caju do Quênia atualmente são as suas instalações de processamento. Há cinco anos, os processadores quenianos processavam cerca de 5 a 6 mil TM por ano; atualmente o setor tipicamente processa mais de 10 mil TM e tem a capacidade operacional para processar cerca do dobro desta quantidade. No entanto, este componente da cadeia de valor do caju ainda trava uma luta com obstáculos, tais como o fornecimento insuficiente e a baixa qualidade das castanhas in natura, o alto custo dos insumos para estabelecer e manter plantas de processamento e a dependência de equipamentos estrangeiros.

O Instituto de Pesquisas Agrícolas do Quênia (KARI), um centro de pesquisas dedicado a combater as limitações agrícolas e a identificar meios para superar estas dificuldades, recentemente investiu grandes esforços e recursos financeiros no setor de caju, disseminando soluções baseadas em pesquisas, a fim de estimular e difundir a adoção de tecnologias efetivas e importantes. 

Em 2010, o processador de cajus Jungle Cashews foi a primeira companhia do Quênia a trabalhar com a ACA. Agora a Jungle Nuts é uma organização certificada pelo Selo da ACA com uma capacidade de processamento instalada de 30 mil TM; ela é um modelo de como os empreendimentos podem trabalhar em conjunto com a ACA para fortalecer o setor do caju em toda a África. Quando a Jungle Nuts começou a planejar a sua primeira planta de processamento, a ACA fez os arranjos necessários para que o gerenciamento da companhia pudesse visitar uma fábrica parecida na Costa do Marfim e estudar as suas técnicas. Agora é a Jungle Nuts quem ensina as lições de negócios a outros futuros processadores: durante o último ano, a firma deu as boas-vindas a delegações de negócios de lugares distantes como da Nigéria, ansiosas por estudarem o sucesso da companhia.

Especialmente a Equatorial Nut Processors Ltd. (ENP), localizada no Quênia, fez progressos espetaculares nos últimos anos. No momento de sua criação, em 1992, ela estava focada em amêndoas de macadâmia; desde então a ENP expandiu os seus negócios e incorporou cajus e outras amêndoas as suas operações. A ENP serve como modelo para outros processadores, pois pode se orgulhar de uma capacidade de processamento de 9 mil TM de Castanhas na Casca (CNC) em sua unidade de processamento agrícola de última linha. A ENP se tornou membro da ACA em 2012 e tornou-se a 5a companhia aprovada sob o Selo da ACA em setembro de 2013, depois de atingir os parâmetros adequados de segurança e de qualidade dos alimentos. Depois da certificação do Selo da ACA, a ENP também recebeu reconhecidas certificações internacionais adicionais em ARPCC e a ISO 22000.

Em março de 2014, a ENP se tornou membro do Comitê Consultivo da ACA – a primeira organização 100% baseada na África a fazer parte do comitê, dando conselhos estratégicos ao Comitê Executivo e à Secretaria da ACA. Em outra parte dentro do mesmo setor, o processador queniano Jungle Nuts também recebeu a certificação do Selo da ACA no ano passado, sendo aprovada em maio de 2013. 

Através da parceria com a ACA, a NutPAK, a KARI e outros grandes atores do setor, os produtores e processadores do setor de caju no Quênia estão atingindo um sucesso muito, mas muito maior do que há apenas uma década e as expectativas são de que esta tendência de crescimento continue constante.